A partir dessa semana o cenário politico brasileiro sofrerá
constantes mudanças devido às eleições municipais. Em várias cidades os
resultados foram surpreendentes, entre elas São Paulo. Em outras, como Belo
Horizonte, Lavras, João Monlevade e Rio de Janeiro o resultado já era esperado.
Mesmo as pesquisas apontando a vitória do
Fernando Haddad em
São Paulo, muitos duvidavam, pois no primeiro turno as
pesquisas indicavam que Celso Russomano ficaria em primeiro lugar, mas este não
chegou nem ao segundo turno.
O PT foi esperto em apostar
em uma nova geração e deixar a Marta Suplicy longe, assim deveria ter feito o
PSDB, que precisa de uma renovação urgente em São Paulo. A necessidade da
renovação foi provada com a vitória do Haddad.
Perder a
prefeitura mais importante do país não significa que o partido está afundando. Prova
disso, é a vitória de Arthur Virgílio, em Manaus(AM), onde estiveram o
ex-presidente Lula e a presidente Dilma mais de um vez para reforçar o apoia a
candidata do PT. Além disso, foi o partido que venceu mais eleições no segundo
turno da disputa municipal, com nove vitórias e o PT venceu em oito, ficando em
segundo lugar. O PSDB ocupa a segunda posição entre os partido que mais fizeram
prefeituras.
O PT me
surpreendeu nessas eleições. Em São Paulo houve o apoio do Paulo Maluf – homem
comprovadamente corrupto – e com o mensalão sendo julgado, não impossibilitou o
partido de ter grandes vitórias. Ele, juntamente com o PP e o PSB foram os
únicos que cresceram no sudeste. Mesmo tendo a maioria do Diretório Nacional
acusada por lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, corrupção passiva,
corrupção ativa, peculato, evasão de divisas e gestão fraudulenta, é o terceiro
país com mais prefeitos no Brasil.
Se tratando
da eleição em Belo Horizonte, fiquei surpreso por não haver segundo turno.
Márcio Lacerda foi eleito com 52,69% dos votos válidos. Essa vitória pode ser
considerada também do senador Aécio Neves e do governador Anastásia em cima da
presidente Dilma e do ex-presidente Lula, pois estiveram firmes na campanha do
Patrus Ananias, que obteve 40,80% dos votos válidos. Com esse resultado,
podemos crer que a gestão de Márcio Lacerda em BH é respeitada e admirada.
A capital
mineira foi governada oito anos pelo PT, e nos últimos 4 anos foram vice, na
chapa do Lacerda (PSB). Faltando poucos meses para a disputa eleitoral,
decidiram formar uma chapa e a partir daí criticaram profundamente a gestão
anterior, que eles participaram ativamente.
Márcio
Lacerda é considerado o melhor prefeito do Brasil, seguido pelo prefeito do Rio
de Janeiro Eduardo Paes (PMDB). Obviamente sempre haverá críticos de sua
gestão, inclusive há o Movimento Fora Lacerda – MFL que é composto por vários
jovens de Belo Horizonte. Mesmo assim, vejo que seu nome é forte para disputar o
governo de Minas Gerais em 2014.
Partindo
para o interior, posso concluir que não houve surpresa na eleição de João
Monlevade. Devido a greve dos professores, pude acompanhar de perto e ver a
disputa, que foi limpa por parte do candidato eleito Teófilo Torres (PSDB) e
suja pelos adversários Gentil Bicalho (PT) e Conceição Winter (PPS).
Teófilo
Torres foi eleito com 59,89% dos votos válidos, seus adversários tiveram uma
derrota esperada: Gentil Bicalho e Conceição Winter com 20,13% e 19,98%
respectivamente. Digo derrota esperada devido ao currículo de cada um. Gentil
Bicalho já participou diretamente de diversos cargos públicos e mesmo assim não
conseguiu promover a cidade com obras, melhorias e rendimentos satisfatórios.
Conceição Winter foi vice-prefeita durante 8 anos de um grande governo, mas por
não conseguir repassar confiança ao eleitorado e fazer uma aliança com a
vereadora Dorinha Machado, não conseguiu alcançar o objetivo.
Teófilo
Torres inicia sua carreira pública a partir do próximo ano, com o cargo de prefeito
da cidade em que nasceu, formou e casou. Formado em direito, ele é filho do
ex-deputado estadual Mauri Torres, hoje conselheiro do Tribunal de Contas.
Mauri sempre foi destaque no estado e influente no governo, devido sua maneira
de legislar e articular. Foi governador interino em 2004 e o único presidente
reeleito da Assembléia Legislativa de Minas. Essas características foram
fundamentais para eleger seu filho, de 34 anos. Os monlevadenses depositaram a
confiança em um jovem que realmente tem condições de organizar e promover o
desenvolvimento em João Monlevade.
Por morar em
Lavras, comecei a observar a administração municipal e consequentemente o
processo eleitoral. A cidade é administrada hoje por uma tucana, que está
exercendo seu terceiro mandato. Para sua sucessão, ela lançou o nome do
ex-reitor da UFLA- Universidade Federal de Lavras – Silas Pereira, também do
PSDB. Mesmo com um bom perfil, Silas obteve apenas 37,89% dos votos válidos,
contra 46,88% do seu rival Marcos Cherem do PSD. Sua derrota foi devido ele
morar fora há um tempo, e ter retornado para Lavras apenas 6 meses antes da
campanha eleitoral. Além disso, a força política do candidato eleito Marcos
Cherem é forte. Irmão do deputado estadual Fábio Cherem, ele é vereador
oposicionista, empresário e com mais capacidade de liderança.